segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Entre a razão e a loucura...

"A raça dominante é a guardiã dos valores e por seus valores, definidos por ela mesma como superiores, é dominante. Quando a raça cresce e se expande, alcança a nobreza ostentosa do aumentativo; transforma-se em 'razão' ".

Trecho de 'Os sobrinhos de Vasconcelos no diálogo entre a razão e a loucura', de Néstor A. Braunstein.

Sobre a convivência de fotografia e texto em antropologia.

"(...) As fotos não só podem ajudar na descrição, como podem de fato constituir o 'clima' das situações vivenciadas nas cores que elas se apresentavam, criar um ambiente de verossimilhança e, por conseguinte, de persuasão. As imagens não se deveriam limitar a 'reviver' um estar lá, mas sedimentar os alicerces do caminho da descrição interpretativa e auxiliar na articulação das tramas da indução, ajudar na compreensão das interpretações, e não apenas distrair a atenção do leitor entre o folhear das páginas.

Nessa perspectiva, a imagem não meramente ilustra o texto, nem o texto apenas explica a imagem, ambos se complementam, concorrem para propiciar uma reflexão sobre os temas em questão. "

Trecho do texto "A fotografia como recurso narrativo: problemas sobre a apropriação da imagem enquanto mensagem antropológica", de Nuno Godolphim, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

domingo, 13 de novembro de 2011

Falar, simbolizar...

"Realmente pensa-se falando. Mas o pensar e falar só se tornam possíveis dentro do quadro de idéias de uma língua. Esta, por sua vez, está inserida num complexo de relacionamentos afetivos e intelectuais próprios de uma cultura. Assim, cada um de nós pensa e imagina dentro dos termos de sua língua, isto é, dentro das propostas de sua cultura. Quando se fala, recolhe-se desse acervo, de língua e de propostas possíveis, uma determinada parte que corresponde à experiência particular vivida. É o que se quer transmitir e, também, o que se pode transmitir. A fala se articula, portanto, no uso concreto da língua, uso sempre parcial porque adequado à área vivencial do indivíduo.
Usamos palavras. Elas servem de mediador entre nosso consciente e o mundo. Quando ditas, as coisas se tornam presentes para nós".

Trecho do livro Criatividade e Processos de Criação, de Fayga Ostrower.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Fotografia como recurso narrativo.

"...o vídeo e o cinema apresentam uma dinâmica discursiva própria da fluência natural da fala, possibilitando uma articulação do discurso, de forma similar à articulação das idéias de um texto escrito, ou ao desenrolar de uma ação no tempo. Já a fotografia teria uma discursividade puramente imagética, que estaria restrita aos elementos de composição da imagem fotografada, isto é, uma discursividade interna, centrípeta, que materializa a espacialidade e presentifica o tempo.
Assim, apesar de seu potencial em captar os múltiplos planos da realidade visível, inclusive alguns mais "abstratos", cabe aqui fazer uma observação quanto à limitação da fotografia, pois enquanto a imagem sonora em movimento poderia mais facilmente autoexplicar-se e induzir uma interpretação, a fotografia isolada, por mais rica em aspectos visuais e simbólicos, dificilmente consegue propor uma explicação ou uma interpretação. A fotografia tende sempre a ficar no limite da constatação, no caso de uma questão ou característica socioetnográfica. Vai ser o "olhar" do pesquisador que vai identificar nela a problemática socioantropológica. Sem isso, as fotografias parecem produzir apenas descrições rasas. "

Do texto "A fotografia como recurso narrativo: problemas sobre a apropriação da imagem enquanto mensagem antropológica".


Será?