domingo, 21 de dezembro de 2008

" A felicidade só existe quando compartilhada ".

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Inusitado 2 (histórias de ontem)

Hoje cedo fui à Pinacoteca ver uma outra exposição de fotografia. Sim, dessa eu gostei bastante. Depois, almocei um beirute de picanha defumada por lá, na companhia de uma amiga e seu marido.

Até aí, tudo normal.

Fui até a Estação Vergueiro, porque tinha consulta médica ali perto hoje à tarde. Quando cheguei lá, não achei o prédio que eu precisava ir. Então, pedi informação, e o rapaz disse:

_ Você vai ao médico?
_ Sim.
_ Acho que é aquele portão ali.

E fui. Quando entrei, meio sorrindo, esbaforida, mulambenta de mochila, percebi que tinha entrado no lugar errado, pois saí no meio de um funeral... E minha consulta não era ali, claro... Disfarcei, saí, pedi informação novamente e descobri que eu estava na rua errada.

Bom, saindo da consulta, resolvi ir ao Centro Cultural SP. No caminho, me perdi de novo, mas dessa vez nada grave. Quando cheguei, finalmente, fui à lanchonete pedir uma Coca-Cola. Mas mudei de idéia e pedi um chá quente. Quando, de repente, o rapaz ao meu lado diz:

_ Você pegou um chazinho?
_ Sim.
_ É de graça?
_ Gostaria que fosse.
_ Que sabor você escolheu?
_ Nem sei, chama "pomar". Pode ter qualquer coisa dentro.
_ Sabe que essa coisa de sabor e cheiro me traz lembranças.
_ É mesmo?

E enfim, acabei num papo de sinestesia e memória olfativa com um desconhecido.

_ Até logo, foi um prazer.

Sentei num banquinho, fora da lanchonete, mas dentro do centro cultural, e comecei a fotografar um ônibus-biblioteca que estava estacionado ali perto. Quando, de repente, senta ao meu lado um senhor de aproximadamente 60 anos, com um "aspecto de filme antigo", vestindo um chapéu interessante, paletó e cachecol xadrez, e diz:

_ Você é fotógrafa? Não sabe, acabei de comprar uma câmera fotográfica.

Pensei que era mentira, mas quando olho pras mãos dele, ele estava realmente segurando uma caixa com a câmera recém-comprada. E aí, bem, ele me perguntou umas coisas sobre foco, contou uma história de quando esteve em Nova Iorque, e aí fez uma ligação, na qual começou a brigar com uma mulher por causa de um caminhão que, ao que parecia, não o deixava dormir à noite.

Levantei, e fui conversar com a moça do ônibus-biblioteca.

E bom, agora, na verdade, estou aqui, registrando essa história num papel amassado, o único que eu tinha, para depois passar isso pro blog. Continuo no Centro Cultural, esperando começar o show de uma conhecida, cujo ingresso custarará apenas R$ 1,00. Mas ainda falta uma hora para o show começar...

Acaba de passar um senhor me oferecendo um método americano de leitura rápida...

Está bastante frio, será que tomo outro chá?

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Inusitado.





Ontem estava bastante frio, principalmente pela manhã. Uma garoa chata...

Fiquei na dúvida se sairia de casa.

Mas resolvi sair. Peguei o metrô e fui a uma exposição de fotografia interessante, mas que, no fim, não gostei. Então, peguei o metrô de novo, resolvi ir à livraria. No caminho da livraria, vi que estava passando no cinema um filme ótimo e fui lá. Cheguei ao guichê e faltavam dois minutos pra começar o filme.

- Moça, dá tempo?
- Dá sim.
- Uma meia-entrada.
- Não aceitamos Visa, só Mastercard!
- Jura?! E quanto fica, vou ver se tenho dinheiro...
- Oito e cinqüenta.
- Ai, só tenho oito reais.

E foi isso. Ela me olhou com a cara de "que pena" ou "problema seu", e eu acabei pensando alto:

- Poxa, hoje nenhum dos meus programas está dando muito certo!

E de repente, ouço um "Psiu".

Quando olho para trás, o rapaz do carro-forte que estava retirando o malote de dinheiro do cinema abriu sua própria carteira e disse:
- "Olha, eu posso te emprestar cinqüenta centavos".

... É verdade aquilo que dizem que às vezes a ajuda vem de onde você menos espera...

Bom, agradeci, mas não aceitei. Fui embora. E fim.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Sonhos de Einstein

"(...)

19 de Abril de 1905


É uma manhã fria de novembro e caiu a primeira neve. Um homem vestindo um longo casaco de couro está na sacada do seu apartamento no quarto andar na Kramgrasse observando a fonte Zähringer e a rua branca logo abaixo. A leste, ele pode ver o frágil campanário da catedral de St. Vincent e, a oeste, o telhado arqueado do Zytgloggeturn. Mas o homem não está olhando para leste ou oeste. Ele está com os olhos fixos em um pequeno chapéu vermelho deixado na neve e está pensando. Deve ir à casa da mulher em Friburgo? Suas mãos agarram a balaustrada de metal, soltam-na, agarram-na novamente. Deve visitá-la? Deve visitá-la?

Decide não se encontrar mais com ela. Ela é manipuladora e autoritária e poderia tornar sua vida um inferno. Talvez nem estivesse mesmo interessada nele. Em vez disso, ele decide continuar na companhia de homens. Trabalha duro na farmácia, onde mal nota a subgerente. À noite vai para a brasserie na Kochergasse com seus amigos e bebe cerveja, e aprende a fazer fondue. Depois, três anos mais tarde, conhece uma outra mulher em uma loja de roupas de Neuthâtel. Ela é simpática. Faz amor com ele, muito lentamente, durante alguns meses. Após um ano, vem morar com ele em Berna. Eles vivem tranqüilamente, caminham juntos à margem do Aare, fazem companhia um ao outro, envelhecem felizes.

No segundo mundo, o homem com o longo casaco de couro decide que precisa encontrar a mulher de Friburgo novamente. Ele mal a conhece, ela pode ser manipuladora e seus movimentos sugerem volatilidade, mas aquela expressão suave quando ela sorri, aquela risada, aquele jeito inteligente de usar as palavras. Sim, precisa encontrá-la de novo. Ele vai até a casa dela em Friburgo, senta no sofá ao seu lado, em poucos instantes percebe seu coração galopando e sente-se minado diante da brancura dos braços dela. Eles fazem amor ruidosa e apaixonadamente. Ela o convence a mudar-se para Friburgo. Ele larga seu emprego em Berna e começa a trabalhar na agência postal de Friburgo. Ele queima de tanto amor por ela. Todo dia, ele vem para casa ao meio-dia. Eles comem, discutem, ela reclama que precisa de mais dinheiro, ele protesta, ela arremessa panelas contra ele, eles fazem amor novamente, ele volta à agência postal. Ela ameaça deixá-lo, mas não deixa. Ele vive para ela e está feliz com sua angústia.

No terceiro mundo, o homem também decide que precisa encontrá-la novamente. Ele mal a conhece, ela pode ser manipuladora e seus movimentos sugerem volatilidade, mas aquele sorriso, aquela risada, aquele jeito inteligente de usar as palavras. Sim, precisa encontrá-la de novo. Ele vai à casa dela em Friburgo, encontra-a na porta, toma chá com ela na mesa da cozinha. Eles conversam sobre o trabalho dela na biblioteca, o emprego dele na farmácia. Depois de uma hora, ela diz que precisa sair para ajudar um amigo, diz adeus, e eles se despedem com um aperto de mãos. Ele viaja os trinta quilômetros de volta a Berna, sente-se vazio durante a viagem de trem, sobe para seu apartamento no quarto andar da Kramgrasse, vai para a sacada e fica olhando o pequeno chapéu vermelho deixado na neve.

Estas três cadeias de eventos realmente acontecem, simultaneamente. Pois, neste mundo, o tempo tem três dimensões, como o espaço. Assim como um objeto pode mover-se em três direções perpendiculares, horizontal, vertical e longitudinal, um objeto também pode participar de três futuros perpendiculares. Cada futuro move-se em uma direção diferente do tempo. Cada futuro é real. Em cada ponto de decisão, seja ela visitar uma mulher em Friburgo ou comprar um casaco novo, o mundo divide-se em três mundos, cada qual com as mesmas pessoas, mas com destinos diferentes para elas. No tempo, há uma infinidade de mundos.

Alguns não se importam com decisões, argumentando que todas as decisões possíveis ocorrerão. Em um mundo como este, como uma pessoa pode ser responsável pelos seus atos? Outros afirmam que cada decisão deve ser examinada e tomada com espírito de comprometimento, pois sem comprometimento há caos. Essas pessoas são felizes por viverem em mundos contraditórios, desde que saibam a razão para cada um deles".


(...)

terça-feira, 8 de abril de 2008

Delírio Coletivo.

Delírio coletivo... Essa é uma expressão que está na moda... Mas um tipo interessante é aquele em que as pessoas de um determinado grupo se sentem perseguidas umas pelas outras sem haver qualquer causa de ameaça real ou aparente. Nesses casos, o silêncio puro e simples é interpretado como "tramóia" e qualquer frase besta, interpretada como arrogância, petulância, tentativa de intimidação, etc. É uma forma de delírio que contamina bastante, inclusive. Interessante!





P.S.: "Interessante": significado - 'chato pra car...' dito de forma sutil.

domingo, 6 de abril de 2008

Esses dias estava relendo esse trecho de livro, enviei a uma amiga e resolvi postar aqui também...
"Isso é o que pretendo na minha cambaleante prática espiritual: desfazer-me dos sentimentos negativos que me impedem de caminhar com soltura. Quero transformar a raiva em energia criativa e a culpa em uma divertida aceitação de minhas falhas; quero varrer para longe a arrogância e a vaidade. Não tenho ilusões, nunca alcançarei o desprendimento absoluto ou o êxtase dos iluminados, parece que não tenho ossos de santa, mas posso desejar as migalhas: menos ataduras, um pouco de carinho com os demais, a alegria de uma consciência limpa." - Trecho de La Suma de Los Días, de Isabel Allende.